segunda-feira, 30 de abril de 2012


Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência


O mais célebre educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo.

Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.

Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.

Aprendizado conjunto

Freire criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.

Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas lingüísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.

Biografia

Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas idéias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.

Tempos de mobilização e conflito

O ambiente político-cultural em que Paulo Freire elaborou suas idéias e começou a experimentá-las na prática foi o mesmo que formou outros intelectuais de primeira linha, como o economista Celso Furtado e o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Todos eles despertaram intelectualmente para o Brasil no período iniciado pela revolução de 1930 e terminado com o golpe militar de 1964. A primeira data marca a retirada de cena da oligarquia cafeeira e a segunda, uma reação de força às contradições criadas por conflitos de interesses entre grandes grupos da sociedade. Durante esse intervalo de três décadas ocorreu uma mobilização inédita dos chamados setores populares, com o apoio engajado da maior parte da intelectualidade brasileira. Especialmente importante nesse processo foi a ação de grupos da Igreja Católica, uma inspiração que já marcara Freire desde casa (por influência da mãe). O Plano Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, assumido pelo educador, se inseria no projeto populista do presidente e encontrava no Nordeste - onde metade da população de 30 milhões era analfabeta - um cenário de organização social crescente, exemplificado pela atuação das Ligas Camponesas em favor da reforma agrária. No exílio e, depois, de volta ao Brasil, Freire faria uma reflexão crítica sobre o período, tentando incorporá-la a sua teoria pedagógica.

Para pensar

Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é o de coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente sem que elas orientem a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o ironizo, se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista?

sábado, 28 de abril de 2012


Maria Montessori

Segundo a visão pedagógica da pesquisadora italiana, o potencial de aprender está em cada um de nós


"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir" - Maria Montessori


Maria Montessori nasceu em 1870, em Chiaravalle, no norte da Itália, filha única de um casal de classe média. Desde pequena se interessou pelas ciências e decidiu enfrentar a resistência do pai e de todos à sua volta para estudar medicina na Universidade de Roma. Direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças com retardo mental, o que mudaria sua vida e a história da educação. Ela percebeu que aqueles meninos e meninas proscritos da sociedade por serem considerados ineducáveis respondiam com rapidez e entusiasmo aos estímulos para realizar trabalhos domésticos, exercitando as habilidades motoras e experimentando autonomia. Em pouco tempo, a atividade combinada de observação prática e pesquisa acadêmica levou a médica a experiências com as crianças ditas normais. Montessori graduou-se em pedagogia, antropologia e psicologia e pôs suas idéias em prática na primeira Casa dei Bambini (Casa das crianças), aberta numa região pobre no centro de Roma. Depois dessa, foram fundadas outras em diversos lugares da Itália. O sucesso das "casas" tornou Montessori uma celebridade nacional. Em 1922 o governo a nomeou inspetora-geral das escolas da Itália. Com a ascensão do regime fascista, porém, ela decidiu deixar o país em 1934. Continuou trabalhando na Espanha, no Ceilão (hoje Sri Lanka), na Índia e na Holanda, onde morreu aos 81 anos, em 1952.

Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana Maria Montessori. Primeira mulher a se formar em medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. "Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições", diz Talita de Oliveira Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação Montessoriana. Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma "educação para a vida". A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender - conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos. 
Ao defender o respeito às necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com os estágios de desenvolvimento correspondentes às faixas etárias, Montessori argumentava que seu método não contrariava a natureza humana e, por isso, era mais eficiente do que os tradicionais. Os pequenos conduziriam o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial.

Por causa dessa perspectiva desenvolvimentista, Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a criança não é um pretendente a adulto e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa dei Bambini (Casa das crianças), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas "casas" que ela explorou duas de suas idéias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento.

Escola sem lugar marcado
As salas de aula tradicionais eram vistas com desprezo por Maria Montessori. Ela dizia que pareciam coleções de borboletas, com cada aluno preso no seu lugar. Quem entra numa sala de aula de uma escola montessoriana encontra crianças espalhadas, sozinhas ou em pequenos grupos, concentradas nos exercícios. Os professores estão misturados a elas, observando ou ajudando. Não existe hora do recreio, porque não se faz a diferença entre o lazer e a atividade didática. Nessas escolas as aulas não se sustentam num único livro de texto. Os estudantes aprendem a pesquisar em bibliotecas (e, hoje, na internet) para preparar apresentações aos colegas. Atualmente existem escolas montessorianas nos cinco continentes, em geral agrupadas em associações que trocam informações entre si. Calcula-se em torno de 100 o número dessas instituições no Brasil.

Para pensar
O principal legado da italiana Maria Montessori foi afirmar que as crianças trazem dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam o aprendizado e encontrem um lugar no mundo. "Todo conhecimento passa por uma prática e a escola deve facilitar o acesso a ela", diz a educadora Talita de Oliveira Almeida. É o que Montessori chamou de "ajude-me a agir por mim mesmo". Outro aspecto fundamental da teoria montessoriana é deslocar o enfoque educacional do conteúdo para a forma do pensamento. As críticas mais comuns ao montessorianismo referem-se ao enfoque individualista e ao excesso de materiais e procedimentos construídos dentro da escola - o que dificultaria a adaptação dos alunos a outros sistemas de ensino e ao "mundo real". Os montessorianos argumentam que, ao contrário, o método se volta para a vida em comunidade e enfatiza a cooperação. E você? Acha que dar atenção individual aos alunos é um modo de contrabalançar a tendência contemporânea à massificação, inclusive do ensino? 

quinta-feira, 26 de abril de 2012


 Dom Bosco Educador


"Amo meus alunos e meus alunos me amam" - Dom Bosco

João Melchior Bosco (Castelnuovo d'Asti, 16 de agosto de 1815Turim, 31 de janeiro de 1888) foi um sacerdote católico italiano, fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales e canonizado em 1934. É popularmente conhecido como Dom Bosco. Foi aclamado pelo Papa João Paulo II como o “Pai e Mestre da Juventude”. Dom Bosco é o padroeiro da capital federal do Brasil, Brasília.

João Melchior Bosco foi padre católico apostólico romano, educador, desenvolveu a educação infantil e juvenil e o ensino profissional, sendo um dos criadores do sistema preventivo em educação. Dedicou-se também ao desenvolvimento da imprensa católica.

É o fundador da Pia Sociedade de São Francisco de Sales (1859), conhecida por salesianos, co-fundador da congregação das Filhas de Maria Auxiliadora, conhecidas por irmãs salesianas e fundador da Associação Internacional dos Cooperadores Salesianos. Foi canonizado em 1 de abril de 1934 pelo Papa Pio XI, sendo o padroeiro dos jovens e dos aprendizes. Seu dia é celebrado em 31 de janeiro.


Dom Bosco foi um pedagogo, não um pedagogista. Isto define também seu Sistema Preventivo. Mais que um tratado de pedagogia, é uma verdadeira obra dearte educativa. Como sistema, representa um conjunto coerente e unitário deteoria e práticas educativas fundamentadas em crenças e valores específicos. Como arte, representa dinamismo, criatividade, sensibilidade, atualidade, recriação constanteda vida, toque pessoal e busca de harmonia.

Um mestre salesiano, P. Luiz Zver, escreveu certa vez que:

“Dom Bosco é universal e que o Sistema Preventivo é perene... não é um castelo erguido sobre um rochedo alcantilado, mas uma cidade que livremente se expande em planície aberta. É que a pedagogia de Dom Bosco não é um acervo de técnicas, mas um sistema de valores”.

Esta imagem da cidade é simbólica e paradigmática na modernidade. Dá também o sentido de dinamismo, de progresso, de transformação. Por isso:

“na mente de Dom Bosco e na tradição salesiana, o Sistema Preventivo tende sempre mais a identificar-se com o espírito salesiano: é, ao mesmo tempo, pedagogia, pastoral,espiritualidade, que associam numa única experiência dinâmica, educadores (como indivíduos e como comunidade) e destinatários, conteúdos e métodos, com atitudes e comportamento nitidamente caracterizados” (CG21,96).

Mas é preciso entender a espiritualidade sem preconceito religioso e dentro de uma nova antropologia. Espiritualidade não contrapõe espírito ao corpo, pelo contrário, integra-os a serviço da vida. O Sistema Preventivo como espiritualidadeé como um referencial holístico que inspira o processo educativo em todas assuas dimensões.


A proposta educativa de Dom Bosco, fundamentada na Razão, na Religião e na Amorevolezza, dá origem a um programa formativo em torno de três núcleos interdependentes, que respondem às necessidades estruturais e de relações dos jovens, nas diversas dimensões de sua vida (os três “S”):

Saúde: refere-se à dimensão corporal-afetiva. É sinônimo de vida, alegria de viver.
• Sabedoria: está na dimensão sócio-cultural: a compreensão da vida, o situar-se no tempo e no espaço, capacitar-se para a autonomia, e saber viver.
• Santidade: diz respeito à dimensão religiosa. O sentido da vida, o por quê e o para quê viver, o compromisso.

Com base nestes núcleos Dom Bosco resumia o empenho do jovem pela vida no seguinte programa:

• Alegria: curtir a vida em tudo o que oferece de bom e de belo. É expressão de saúde corporal, de realização afetiva, de otimismo, de valorização cristã da vida. O espaço simbólico de vivência da alegria é o pátio, que representa o lúdico, a festa (lazer, esporte, ginástica, excursão, teatro, música e canto,
toda criatividade...)
• Estudo e trabalho: arregaçar as mangas e partir para a luta!. Estudo e trabalho indicam a atitude de empenho e compromisso diante da vida: capacitar-se profissionalmente para a auto-sustentação e inserir-se ativamente na sociedade através do trabalho; exercer o apostolado; descobrir “a verdadeira riqueza da vida”. A vida não pode ser improvisada, deve ser programada, assumida com seriedade e responsabilidade. O espaço simbólico deste empenho é a “oficina” (seja ela de profissão ou de arte,’ de atividade agrícola,
escolar, ou de grupo).
• Piedade: acolher a vida como dom de Deus. Ele é também esperança de vida eterna. A piedade expressa a dimensão religiosa da vida, o sentido mais profundo e unificador da pessoa. Inspira e motiva todas as dimensões.É a espiritualidade. O espaço simbólico da piedade é a “capela” (espaço da experiência de Deus, que inclui as celebrações, as práticas religiosas, devocionais, catequéticas, vivência comunitária e apostólica).


terça-feira, 24 de abril de 2012


PESTALOZZI  E SEUS PRINCÍPIOS EDUCACIONAIS


      Seu nome é João Pestalozzi, nasceu em Zurique, Suíça, em 1746. Faleceu em 1827. Influenciou profundamente a educação; ele fez uma grande adaptação na educação pública.
      Leu o Emílio, de Rousseau, quando era estudante.
      Ficou com o sentimento de que a educação podia elevar os homens.
      Ninguém acreditou mais que Pestalozzi no poder da educação para aperfeiçoar o indivíduo e a sociedade com o seu entusiasmo, influenciou reis e governantes a pensarem na educação do povo.
      Em 1782, expressou as usas idéias no seu primeiro livro: Leonardo e Gertrudes; que retrata uma pobre e mesquinha aldeia suíça.
      Gertrudes, moradora de uma aldeia, atua com os seus filhos e os vizinhos nas artes domésticas, industriais, leitura, escrita, aritmética e outros estudos. Importantes figuras da época leram Leonardo e Gertrudes, mas não o consideraram como um tratado educacional.
      Em 1792, Pestalozzi escreve o seu livro mais erudito: Minhas investigações sobre o curso da Natureza no desenvolvimento da raça humana. A obra é recebida sem entusiasmo. Pestalozzi decide ser mestre-escola. E parte para um trabalho na sua escola. O lar era para ele a melhor instituição de educação, base para a formação política, moral e religiosa. E a instituição educacional deveria se aproximar de uma casa bem organizada.
      Na instituição de Pestalozzi, que contava com meninos e jovens, mestres e alunos permaneciam juntos o dia inteiro, dormindo em quartos comuns. O dia escolar era intenso e variado: rezavam, tomavam banho e faziam o desjejum, faziam as primeiras lições, havendo sempre um curto intervalo entre as mesmas. Almoçavam, brincavam e recomeçavam as aulas. Das 8 às 17 horas, as atividades, organizadas, eram desenvolvidas de maneira flexível. Duas tardes por semana eram livres ou os alunos faziam excursões. A organização da escola era simples, sendo que ficavam numa turma os que tinham menos de oito anos; e em outra, a classe inferior, ficavam os meninos de oito a onze anos e na superior, os de onze a dezoito anos.
      Pestalozzi condenava a punição, as recompensas e punições. Problemas disciplinares eram discutidos, à noite.
      Enquanto Pestalozzi introduzia tantas reformas educacionais, a Igreja, que controlava todas as escolas na época, não se preocupava em melhorar o seu padrão de qualidade. A situação que reinava era a seguinte: dava-se à memória um enorme valor, os professores não possuíam habilitação, as classes privilegiadas desprezavam o povo; os prédios escolares eram pouquíssimos.
      A prática pedagógica de Pestalozzi sempre valorizou o ideal do educador, isto é, a educação poderia mudar a terrível condição de vida do povo.
      A revolução suíça (1799) havia liberado a classe desprotegida e, segundo Pestalozzi, somente a educação poderá contribuir para que o povo conservasse os direitos conquistados.
      Para Pestalozzi, o desenvolvimento é orgânico, sendo que a criança se desenvolve por leis definidas; os poderes infantis brotam de dentro para fora; os poderes inatos, uma vez despertados, lutam para se desenvolver até a maturidade; a gradação deve ser respeitada; o método deve seguir a natureza; o professor é comparado ao jardineiro que providencia as condições para a planta crescer; a educação sensorial é fundamental e os sentidos devem estar em contato direto com os objetos; a mente é ativa.
      Frederick Eby resume com clareza os princípios educacionais de Pestalozzi, relacionados a seguir:
           "1) Pestalozzi tinha uma fé indomável e contagiante na educação com o meio supremo para o aperfeiçoamento individual e social. Seu entusiasmo obrigou reis e governantes a se interessarem pela educação das crianças dos casebres. Democratizou a educação, proclamando ser o direito absoluto de toda criança ter plenamente desenvolvidos os poderes que Deus lhe havia dado.
           2) Psicologizou a educação. Quando não havia ciência psicológica digna desse nome, e embora ele próprio tivesse apenas as mais vagas noções sobre a natureza da mente humana, Pestalozzi viu claramente que uma teoria e uma prática corretas de educação deviam ser baseadas numa tal ciência.
           3) Foi o primeiro a tentar fundamentar a educação no desenvolvimento orgânico mais que a transmissão de idéias.
           4) Pesquisou as leis fundamentais do desenvolvimento.
           5) A educação começa com a percepção de objetos concretos, o desempenho de ações concretas e experiência de respostas emocionais reais (...).
           6) O desenvolvimento é uma aquisição gradativa de poder. Cada forma de instrução deve progredir de modo lento e gradativo.
           7) A religião é mais profunda do que dogmas, ou credos, ou a memorização do catecismo ou das Escrituras. Pestalozzi exigia que os sentimentos religiosos fossem despertados antes que palavras ou símbolos viessem a ser levados à criança.
           8) Vários recursos metodológicos novos devem sua origem a Pestalozzi. Empregava as letras do alfabeto presas a cartões e introduziu lousas e lápis. A inovação mais importante foi a da instrução simultânea, ou em classe. Isso não era novo, mas não havia sido posto em prática de um modo generalizado.
           9) Pestalozzi revolucionou a disciplina, baseando-a na boa vontade recíproca e na cooperação entre aluno e professor.
           10) Deu novo impulso à formação de professores e ao estudo da educação como uma ciência".

domingo, 22 de abril de 2012



 UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO

Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se resume a estes.

Nivel de alfabetização pelo planeta inteiro: veja as desigualdades do sistema de ensino em cada região do mundo, ampliando a imagem.

A prática educativa formal — que ocorre nos espaços escolarizados, que sejam da Educação Infantil à Pós Graduação — dá-se de forma intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas. No caso específico da educação formal exercida na escola, pode ser definida como Educação Escolar. No caso específico da educação exercida para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade, dá-se o nome de Educação Tecnológica. A educação sofre mudanças, das mais simples às mais radicais, de acordo com o grupo ao qual ela se aplica, e se ajusta a forma considerada padrão na sociedade. Mas, acontece também no dia-a-dia, na informalidade, no cotidiano do cidadão. Nesse caso sendo ela informal.

Legislação brasileira

No Brasil, a educação é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.

PDE – Plano de desenvolvimento da Educação

A principal meta do PDE é uma educação básica de qualidade, para isso deve-se investir na educação profissional e na educação superior. Para isso se tornar realidade deve acontecer o envolvimento de todos: pais, alunos, professores e gestores, em busca da permanência do aluno na escola. Com o PDE o Ministério da Educação pretende mostrar tudo o que se passa dentro e fora da escola e realizar uma grande prestação de contas. As iniciativas do MEC devem chegar a sala de aula para beneficiar a criança para atingir a qualidade que se deseja para a educação brasileira.

O PDE foi editado pelo Governo Federal, por premissas à visão sistêmica da educação, a sustentação da qualidade do ensino e a prioridade a educação básica.

Níveis de ensino

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação a educação no Brasil se divide em:
  • Educação Infantil
  • Ensino Fundamental
  • Ensino Médio
  • Educação de Jovens e Adultos
  • Ensino Técnico
  • Ensino Superior/Tecnólogo
  • Pós-Graduação/ Especialização
  • Mestrado
  • Doutorado
  • Pós-Doutorado

Quadro comparativo dos sistemas de ensino de vários países
Sistemas de ensino primário e secundário
Idade
3 anos
4 anos
5 anos
6 anos
7 anos
8 anos
9 anos
10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
16 anos
17 anos
18 anos
Bélgica
Maternelle
1ère à 6ème primaire
1ère à 6ème secondaire

Brasil
Berçário/Educação Infantil
Ensino Fundamental I
Ensino Fundamental II
Ensino médio

França
Maternelle
École élémentaire
Collège
Lycée

Irlanda

Prescool
Primary school
junior cycle

senior cycle

Canadá
Pré-mat.
Mat.
École primaire
Secondaire 1 a 5
Cégep
Suíça

Maternelle
École primaire
Secondaire I
Secondaire II

EUA
Preschool
Grammar school
Middle school
High school

Portugal
Educação pré-escolar
1.º ciclo do ensino básico
2.º ciclo do ensino básico
3.º ciclo do ensino básico
Ensino secundário

Cabo Verde
Pré-escolar
Básico integrado (1ª,2ª,3ª fase)
Secundário (1º,2º,3º ciclo)