sábado, 28 de abril de 2012


Maria Montessori

Segundo a visão pedagógica da pesquisadora italiana, o potencial de aprender está em cada um de nós


"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir" - Maria Montessori


Maria Montessori nasceu em 1870, em Chiaravalle, no norte da Itália, filha única de um casal de classe média. Desde pequena se interessou pelas ciências e decidiu enfrentar a resistência do pai e de todos à sua volta para estudar medicina na Universidade de Roma. Direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças com retardo mental, o que mudaria sua vida e a história da educação. Ela percebeu que aqueles meninos e meninas proscritos da sociedade por serem considerados ineducáveis respondiam com rapidez e entusiasmo aos estímulos para realizar trabalhos domésticos, exercitando as habilidades motoras e experimentando autonomia. Em pouco tempo, a atividade combinada de observação prática e pesquisa acadêmica levou a médica a experiências com as crianças ditas normais. Montessori graduou-se em pedagogia, antropologia e psicologia e pôs suas idéias em prática na primeira Casa dei Bambini (Casa das crianças), aberta numa região pobre no centro de Roma. Depois dessa, foram fundadas outras em diversos lugares da Itália. O sucesso das "casas" tornou Montessori uma celebridade nacional. Em 1922 o governo a nomeou inspetora-geral das escolas da Itália. Com a ascensão do regime fascista, porém, ela decidiu deixar o país em 1934. Continuou trabalhando na Espanha, no Ceilão (hoje Sri Lanka), na Índia e na Holanda, onde morreu aos 81 anos, em 1952.

Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana Maria Montessori. Primeira mulher a se formar em medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. "Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições", diz Talita de Oliveira Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação Montessoriana. Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma "educação para a vida". A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender - conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos. 
Ao defender o respeito às necessidades e aos interesses de cada estudante, de acordo com os estágios de desenvolvimento correspondentes às faixas etárias, Montessori argumentava que seu método não contrariava a natureza humana e, por isso, era mais eficiente do que os tradicionais. Os pequenos conduziriam o próprio aprendizado e ao professor caberia acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial.

Por causa dessa perspectiva desenvolvimentista, Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a criança não é um pretendente a adulto e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que fundou se chamavam Casa dei Bambini (Casa das crianças), evidenciando a prevalência do aluno. Foi nessas "casas" que ela explorou duas de suas idéias principais: a educação pelos sentidos e a educação pelo movimento.

Escola sem lugar marcado
As salas de aula tradicionais eram vistas com desprezo por Maria Montessori. Ela dizia que pareciam coleções de borboletas, com cada aluno preso no seu lugar. Quem entra numa sala de aula de uma escola montessoriana encontra crianças espalhadas, sozinhas ou em pequenos grupos, concentradas nos exercícios. Os professores estão misturados a elas, observando ou ajudando. Não existe hora do recreio, porque não se faz a diferença entre o lazer e a atividade didática. Nessas escolas as aulas não se sustentam num único livro de texto. Os estudantes aprendem a pesquisar em bibliotecas (e, hoje, na internet) para preparar apresentações aos colegas. Atualmente existem escolas montessorianas nos cinco continentes, em geral agrupadas em associações que trocam informações entre si. Calcula-se em torno de 100 o número dessas instituições no Brasil.

Para pensar
O principal legado da italiana Maria Montessori foi afirmar que as crianças trazem dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam o aprendizado e encontrem um lugar no mundo. "Todo conhecimento passa por uma prática e a escola deve facilitar o acesso a ela", diz a educadora Talita de Oliveira Almeida. É o que Montessori chamou de "ajude-me a agir por mim mesmo". Outro aspecto fundamental da teoria montessoriana é deslocar o enfoque educacional do conteúdo para a forma do pensamento. As críticas mais comuns ao montessorianismo referem-se ao enfoque individualista e ao excesso de materiais e procedimentos construídos dentro da escola - o que dificultaria a adaptação dos alunos a outros sistemas de ensino e ao "mundo real". Os montessorianos argumentam que, ao contrário, o método se volta para a vida em comunidade e enfatiza a cooperação. E você? Acha que dar atenção individual aos alunos é um modo de contrabalançar a tendência contemporânea à massificação, inclusive do ensino? 

2 comentários:

  1. BOA NOITE!MARIZETE! PAZ DE CRISTO

    SOBRE O PRINCIPAL LEGADO DE MARIA MONTESSORI QUE É AFIRMAR QUE AS CRIANÇAS POSSUEM DENTRO DE SI, UM POTENCIAL CRIADOR, QUE ELAS MESMAS CONDUZAM O APRENDIZADO E ENCONTREM UM LUGAR NO MUNDO. CERTAMENTE TODAS AS CRIANÇAS POSSUEM ESSE POTENCIAL. DAÍ CONCLUÍMOS QUE PODEMOS DAR ATENÇÃO A TODAS INTERAGINDO AO MESMO TEMPO INDIVIDUALMENTE COM ELAS.SABER OUVIR, PERGUNTAR, CONVERSAR, ETC.
    NÃO CONCORDO QUANDO O GOVERNO, CRIA PROJETOS , TIRANDO ESSE POTENCIAL DA CRIANÇA COM TURNO DE 8 AS 17 HS. UM EXEMPLO. HORÁRIO INTEGRAL.
    E VOCÊ O QUE ACHA? AS ESCOLAS PÚBLICAS ESTÃO PREPARADAS PARA ESSE PROJETO INTEGRAL? NÃO PODEMOS, TRAZER AS CRIANÇAS PARA ESCOLA PARA TIRAR DAS RUAS. ELA IRÃO APRENDER UM MÉTODO CRIADO PARA ENSINAR, DAQUELE JEITO. O BOM EDUCADOR, QUE ESCOLHEU A PROFISSÃO POR AMOR, PODE ENSINAR NO PERÍODO ATÉ DE 3 HORAS COM INTERVALO. É SÓ FAZER COM AMOR.AMOR DE DEUS.
    SOBRE MIM: SOU PROFISSIONAL DE SAÚDE APOSENTADA,CATÓLICA, ESTOU ESTUDANDO PEDAGOGIA. COM MUITO AMOR E DEDICAÇÃO. MEU ESPOSO É PERNAMBUCANO DE CASA AMARELA . GOSTEI DE SEU BLOG AMIGA. PARABÉNS. JÁ ESTOU SEGUINDO. PAZ DE JESUS.E AMOR DE MARIA.

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    1. Querida Silvania, de antemão quero agradecer seu carinho e seu comentário. Pessoalmente amo ensinar e Montessori para mim é um ícone na educação. Conheci sua pedagogia quando cursava o magistério no Colégio Santana, das freiras Beneditinas, através da professora e também pedagoga, Ana Célia. Assim, tento passar aos meus alunos todo afeto na construção do conhecimento, assumo sempre uma postura construtivista onde me ponho como uma moderadora nesta construção. Como você, também não acredito que nossas escolas estejam preparadas para um ensino integral de qualidade. Ocupar as crianças o dia inteiro para tirá-las da rua não é a solução, um ensino de qualidade pode ser dado em poucas horas. Acredito que é imprescindível um contato maior dessas crianças com seu ambiente familiar recebendo uma orientação para vida social tanto religiosa. Percebo tanta carência afetiva nos olhos dos nossos alunos, que através da pedagogia montessoriana, do aprender fazer fazendo, incentivo-os a descobrir suas potencialidades , seus valores, criando um relacionamento muito rico. Torço pela sua graduação é já vejo em você uma Montessoriana. Muita paz!

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